As principais medidas de prevenção recomendadas para conter a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) – lavar as mãos e o rosto com frequência, fazer uso de álcool em gel e praticar o distanciamento social – não estão ao alcance de muitos moradores de comunidades e periferias das cidades brasileiras, principalmente no quesito higienização.
Isso porque em grande parte dos domicílios brasileiros, o abastecimento de água é intermitente, quando de fato ele existe. E essa situação deve ampliar a vulnerabilidade das pessoas que não têm acesso à água potável, ou ela é escassa, à pandemia do coronavírus no Brasil.
“Sem água, abrimos espaço para outras doenças que fragilizam muito mais o corpo numa situação de coronavírus, pois qualquer outra patologia aumenta os fatores de risco, alertou o presidente executivo do Instituto Trata Brasil (ITB), Édison Carlos.
Mas não só apenas do coronavírus. O relatório A World At Risk (Um mundo em risco), primeiro documento anual elaborado pelo órgão independente Global Preparedness Monitoring Board – GPMB (Conselho de Monitoramento da Preparação Global), lançado em 2018, mostra que a falta de água tratada e de saneamento básico favorecem a rápida circulação de vírus letais em todo o mundo.
Investimentos importantes
“Devemos entender que o saneamento básico é uma das estruturas mais elementares que uma cidade tem que ter. Nos países desenvolvidos, essa estrutura está resolvida, mas no Brasil isso ficou para trás. Felizmente temos observados investimentos importantes nessa área em algumas cidades brasileiras, como Guarulhos, que teve a ‘infeliz coincidência’ de investir maciçamente no saneamento antes da pandemia do coronavírus chegar ao Brasil”, observou Carlos.
Segundo dados do Trata Brasil, quase 100 milhões de brasileiros (53,15%) não têm acesso à coleta de esgoto e 35 milhões estão abastecimento de água tratada.
“Houve avanços no abastecimento de água potável, mas muito pouco no tratamento de esgotos. Ainda falta muita água nas áreas periféricas do país e agora, com a pandemia do Covid-19, não adiantar querer fazer tudo, pois, neste momento, o que nos restam são implantar ações emergenciais”, disse o presidente do ITB.
Fonte: Guarulhos Hoje.
06-04-2020