Pessoas diagnosticadas com coronavírus podem não apresentar sintomas



E se você estiver portando o coronavírus (COVID-19) e não sabe? E se você estiver transmitindo o vírus para outras pessoas sem saber?Seria ótimo saber a quantidade de pessoas portando e potencialmente disseminando o coronavírus sem demonstrar nenhum sintoma. Daria a todos uma melhor noção de quão longe o vírus realmente se espalhou, de como controlar melhor a propagação da doença e qual poderia ser a real taxa de mortalidade.

 

Dois novos estudos científicos oferecem mais informações sobre qual pode ser essa proporção. Vale levar em consideração uma margem de erro, porém eles fornecem os melhores números até o momento.

 

O primeiro estudo foi publicado recentemente na revista Eurosurveillance e conduzido por uma equipe da Universidade de Kyoto (Kenji Mizumoto e Katsushi Kagaya), Universidade de Oxford (Alexander Zarebski) e Georgia State University (Gerardo Chowell). Eles analisaram dados de um surto do COVID-19 que ocorreu no Diamond Pricess, um navio da Princess Cruises, sendo essa uma oportunidade para os cientistas entenderem melhor o coronavírus. O navio tinha 3.711 passageiros e tripulantes e foi colocado em quarentena em 5 de fevereiro, depois que um ex-passageiro havia um diagnóstico positivo para o COVID-19. Finalmente, em 21 de fevereiro, 634 pessoas, incluindo um oficial de quarentena, uma enfermeira e um oficial administrativo, acabaram tendo também um diagnóstico positivo para o coronavírus.

 

Uma vez que os dados deste cruzeiro foram disponibilizados ao público, a equipe de pesquisa modelou estatisticamente o navio a partir desses dados.

 

Os pesquisadores tiveram que usar modelos estatísticos para preencher algumas lacunas nos dados. Por exemplo, nem todos os passageiros realizaram o teste de COVID-19, pois apenas 3.063 foram realizados, e suas análises estimaram que 17,9% dos infectados permaneceram sem sintomas durante todo o período.

 

Esses resultados demonstram que o coronavírus pode ser semelhante ao vírus da gripe de uma maneira: a taxa de assintomáticos. Ao comparar o coronavírus COVID-19 com a gripe, não significa que o coronavírus é o mesmo que a gripe. Este coronavírus não é como o vírus da gripe. Esta pandemia é diferente da gripe sazonal.Segundo estudo aponta portadores assintomáticos do vírus

 

Um segundo estudo analisou dados de 565 cidadãos japoneses que foram evacuados de Wuhan, China. A equipe de pesquisa, que era primariamente da Universidade de Hokkaido, no Japão, descobriu que quase um terço (30,8%) daqueles que tinham resultado positivo para o coronavírus permaneciam assintomáticos.

 

Entre os dois estudos, o primeiro conseguiu capturar melhor o que aconteceu em uma população inteira fechada. Não está claro quantas pessoas diferentes as 565 pessoas do último estudo podem ter interagido e se essa era realmente uma amostra representativa. Por outro lado, o primeiro estudo foi uma oportunidade rara até agora de acompanhar o que acontece com todos que podem ter sido expostos ao vírus por um período de tempo.

 

Independentemente disso, ambos estudos reforçam de que há muitas pessoas andando por aí sem saber que estão portando o vírus, e potencialmente o espalhando para outras pessoas. Isso significa que por mais que você se sinta bem, não significa que você deve sair enquanto a taxa de assintomáticos do coronavírus estiver acima de 0%, assim como orientou o Ministério da Saúde.

 

Em alguns casos, os sintomas podem ser quase imperceptíveis, dependendo da pessoa, pois cada um têm tolerância diferente aos sintomas. E apesar das advertências, esses dois estudos nos dão uma noção melhor de qual proporção de pessoas infectadas por aí não terá sintomas. Isso poderia ajudar a calcular melhor o número de casos que podem ter ocorrido e a taxa de mortalidade. Isso também é um lembrete de que, para “diminuir a curva” e evitar infecções, as pessoas precisam ficar em isolamento. Isso é para todo o mundo.

Renata Mafra – Produtora de conteúdo

13-04-2020