Ideia é usar tecnologias de baixo custo para tratamento de esgoto nas comunidades que fazem parte da Ocupação Izidora.
Quase metade dos brasileiros vive sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. Nas comunidades que formam a Ocupação Izidora, que fica no limite entre Belo Horizonte e Santa Luzia, essa realidade é um dos diversos desafios enfrentados pelos moradores diariamente. Mas um projeto desenvolvido pelo Instituto Federal de Minas (IFMG) e que acaba de ser premiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pode ajudar a amenizar esse problema.
A iniciativa é uma das três ganhadoras de uma competição on-line, da qual participaram jovens de países da América Latina e do Caribe. O objetivo era criar ideias de negócios que contribuíssem para solucionar, de forma sustentável, problemas ligados ao acesso a água, esgoto e higiene em assentamento informais. Os outros dois projetos premiados são da Venezuela e do Peru.
A equipe do IFMG de Santa Luzia, composta pelo professor Daniel Augusto de Miranda, dois alunos da instituição — Katy Marilym de Matos Neves e Nelson Xavier Ribeiro Neto — e o ex-aluno Lorenzo Perpetuo Pinto, foi a escolhida na categoria saneamento. O grupo pretende utilizar duas tecnologias de baixo custo para tratamento da água do chuveiro, pia, lavatório e também vaso sanitário.
“A vantagem é que a gente consegue ter um investimento mais barato, executar onde acaba não tendo muito espaço, e, além do mais, podemos fazer execução com mão de obra local”, afirma o professor.Tratamento de Esgoto
Miranda conta que a primeira fase da iniciativa, batizada de “e-Hackathon em água, saneamento e higiene”, consistia na apresentação de uma área e de um problema. A Ocupação Izidora, formada pelas comunidades Esperança, Rosa Leão, Vitória e Helena Grecco, foi uma sugestão de um colega que trabalha na Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Escolhida a área, a equipe contou com uma rede de professores e pesquisadores, que ajudaram a conhecer melhor o local e fazer contato com as lideranças. E foram justamente as líderes comunitárias que apontaram o principal problema da região: a falta de tratamento de esgoto.
“Então nós achamos, com base nesses relatos, bastante interessante que nos propuséssemos algo voltado para esse problema”, disse o professor.
Tecnologias
Para o tratamento do esgoto proveniente dos vasos sanitários, a equipe propõe a utilização de tanques de evapotranspiração. A estimativa é que o custo chegue a cerca de R$ 1 mil.
“É feito uma espécie de túnel horizontal, com pneus que podem ser reaproveitados. Bactérias, que vão se reproduzir nesse local, ajudam na decomposição da matéria orgânica. Várias tecnologias de tratamento tradicionais se dão com o uso dessas bactérias. Mas essa é uma alternativa bem mais econômica e também não precisa ser feito um sistema complexo”, explica Daniel Miranda.
Já para o tratamento da água utilizada no chuveiro, pia e lavatório, a ideia é utilizar uma tecnologia conhecida como círculos de bananeira, que tem custo estimado de R$ 100.
Como vencedor da competição, o projeto ganhou US$ 5 mil, o que equivale a mais de R$ 27 mil. A quantia será utilizada como capital de investimento. “A ideia que essa proposta seja transformada em empreendimento, numa start-up”, conta o professor.
Segundo ele, a equipe também contará com suporte do BID por meio de tutorias até o fim de 2021.
Fonte: G1.
05-10-2020