Trabalho acaba de ser finalizado por meio de uma parceria entre Fundação Renova e Instituto Terra ao longo da Bacia do Rio Doce em Minas Gerais e Espírito Santo. 217 produtores rurais se cadastraram e aderiram ao projeto de maneira voluntária
Um passo importante para a recuperação do Rio Doce acaba de ser concluído. A proteção de 511 nascentes de afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, em Minas Gerais e no Espírito Santo, foi realizada por meio de uma parceria entre a Fundação Renova e o Instituto Terra. Ao todo, a Fundação Renova promoverá a recuperação de 5 mil nascentes na região ao longo de dez anos. Das 511 primeiras nascentes recuperadas, 251 estão em MG e 260 no ES. O trabalho contempla as bacias dos rios Pancas, envolvendo os municípios de Pancas, Governador Lindenberg, Marilândia e Colatina; e Santa Maria do Doce, em Colatina, no Espírito Santo. Em Minas, as ações foram na bacia do Rio Suaçuí Grande, nos municípios Itambacuri, Frei Inocêncio, Jampruca e Campanário. A escolha das áreas prioritárias contou com a participação dos Comitês de Bacia envolvidos e de lideranças das comunidades locais. O Comitê de Bacias Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce) é quem tem a responsabilidade de indicar em quais bacias a Fundação Renova deve iniciar a recuperação das nascentes.
EM CAMPO
O produtor rural Antônio Fantini, de 46 anos, mantém uma propriedade de 10 hectares em Itambacuri (MG), localizado no Vale do Rio Doce. A parceria entre a Renova e o Instituto Terra providenciou o cercamento de dois olhos d’água no terreno de Fantini, nascedouros que formam o Córrego Cupim. “É uma iniciativa que compensa. Espero colher benefícios com essa ação. Eu já tinha alguns projetos para proteger essas nascentes, iria até cercar por conta própria. A iniciativa veio na hora certa”, explica. No terreno do produtor, o trabalho foi concluído em dezembro de 2016 e demandou 240 estacas e 314 metros de arame para cada nascente.
Fantini, que cria cerca de 30 cabeças de gado, diz saber da importância da medida de proteção para evitar que a criação impacte negativamente as nascentes, principalmente devido à compactação do solo. Ele acrescenta que a conscientização junto aos produtores da região é bem-vinda. “Alguns cuidam das nascentes, outros não. É sempre importante esse trabalho. No final das contas, vai contribuir para a recuperação do Rio Doce”, conclui Fantini.
ETAPAS DO PROCESSO
Nessa etapa do processo de recuperação, produtores rurais receberam orientação técnica e todo o material para cercar as áreas de nascentes, como estacas, arames e grampos, além de um incentivo financeiro para realizar o trabalho. A partir dessa definição, 217 produtores se cadastraram e aderiram ao projeto de maneira voluntária, entendendo a importância da inciativa para o meio ambiente e também para manter as propriedades produtivas. A ideia é que a proteção, através do cercamento, evite o pisoteio do gado nas áreas de nascente e a degradação vegetal, favorecendo a regeneração florestal. Com isso, o solo fica em condições favoráveis para reter a água da chuva, garantindo o recurso de qualidade para as atividades domésticas das propriedades e agrorurais, como irrigação, pasto e criação de pescados, por exemplo.
A próxima etapa, que será realizada até setembro deste ano, prevê a implantação de fossas sépticas nas propriedades, para evitar o despejo de esgoto no lençol freático. Além disso, contempla instalação caixas secas e barraginhas, evitando o carreamento do solo e garantindo a captação da água da chuva para reaproveitamento.
De novembro deste ano a janeiro de 2018, no período chuvoso, também serão reflorestados cerca de 300 hectares em Minas e Espírito Santo. Preparação do solo, adubação e plantio mudas de espécies de Mata atlântica nas áreas de entorno das nascentes são ações que farão parte do trabalho.
Recuperação de nascentes, como funciona:
> A recuperação de nascentes tem como princípio básico a proteção da superfície do solo, criando condições favoráveis à infiltração da água;
> Nessa etapa de proteção das áreas foram 511 nascentes contempladas, 251 em Minas Gerais e 260 no Espírito Santo;
> Em cada área de nascente foram cercados 314 metros de perímetro;
> Com o cercamento, o objetivo é deixar a vegetação se regenerar e voltar a reter a água de chuva, garantindo um fluxo de água;
> Os resultados poderão ser percebidos entre 6 meses e 2 anos, dependendo da região e do nível de chuva.
INSTITUTO TERRA
O Instituto Terra é fruto da iniciativa do casal, Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado, que há pouco mais de uma década, diante de um cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda de gado adquirida da família de Sebastião Salgado, na cidade mineira de Aimorés, tomou uma decisão: devolver à natureza o que décadas de degradação ambiental destruiu. Mobilizaram parceiros, captaram recursos e fundaram, em abril de 1998, a organização ambiental dedicada ao desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce. O Instituto Terra é uma organização civil sem fins lucrativos fundada em abril de 1998, que atua na região do Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Trata-se de uma região do Brasil que vivencia as consequências do desmatamento e do uso desordenado dos recursos naturais como a seca, a erosão do solo e a falta de condições para o homem do campo viver e prosperar.
Atualmente o Instituto Terra conta com 22 associados, sendo dois associados fundadores vitalícios, oito associados fundadores e 12 associados efetivos. Suas principais ações envolvem a restauração ecossistêmica, produção de mudas de Mata Atlântica, extensão ambiental, educação ambiental e pesquisa científica aplicada.
Sobre a Fundação Renova
A Fundação Renova é uma instituição autônoma e independente constituída para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em Mariana (MG), em novembro de 2015. Entidade privada, sem fins lucrativos, garante transparência, legitimidade e senso de urgência a um processo complexo e de longo prazo. A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.
(#Envolverde)
17-03-2017