O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) comemora, nesta quinta-feira (23/3), o Dia Mundial da Meteorologia, ciência que estuda a atmosfera terrestre e seus fenômenos, capaz de prever o tempo e tendências climáticas, por exemplo.
Uma das ações mais importantes do Igam nessa área é a operação do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge). Criado há 20 anos como resultado de um convênio do Estado com o Ministério de Ciência e Tecnologia, o sistema possui equipamentos modernos e faz, diariamente, a vigilância e a previsão do tempo e do comportamento hídrico de todo o território mineiro.
A ação traz um detalhamento na escala regional, fornecendo produtos personalizados às atividades de preservação ambiental, socioeconômicas e de defesa da população, com ênfase nos fenômenos adversos como enchentes, estiagens e temporais severos.
Segundo a gerente de Monitoramento Hidrometeorológico e Eventos Críticos (GMHEC) do Igam, Jeane Dantas de Carvalho, a principal atividade desenvolvida pelo Simge é o envio de aviso meteorológico, por SMS, para todos os 853 municípios do estado.
O cadastro das cidades mineiras foi feito pelo próprio Simge. “Esses avisos ajudam os municípios a se prepararem e fazer um planejamento em caso de ocorrência de um possível evento crítico. Enviamos também o aviso para os órgãos públicos cadastrados que trabalham diretamente com esse tema”, acrescenta.
A gerente ressalta ainda a importância da parceria entre o Simge e a Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec). “Toda semana, durante o período chuvoso, fazemos uma reunião com a Defesa Civil, em que passamos informações meteorológicas sobre o que ocorreu nos sete dias anteriores e qual a previsão para os próximos sete dias. A previsão do tempo que consta nos dois boletins diários divulgados pela Defesa Civil e os alertas emitidos pelo órgão também são fornecidas pelo Simge”, destaca.
“Desde 2014, passamos a divulgar, também via SMS, o alerta de baixa umidade. Esse produto foi desenvolvido a partir de uma demanda do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio)”, conta conclui.
Atualmente, a rede de monitoramento do tempo e clima atual é composta por 22 plataformas de coletas de dados meteorológicas automáticas e telemétricas. Essa rede recebe transmissão de dados por meio dos satélites brasileiros SCD1 e SCD2, além de uma rede hidrológica no rio Sapucaí (localizado no município de Itajubá), conectada também por telefonia.
A importância da meteorologia
Para exercer a profissão de meteorologista no Brasil é preciso ser formado no curso de ensino superior em meteorologia ou ciências atmosféricas. Atualmente no país são oferecidos 12 cursos superiores de graduação na área, nove deles em universidades federais e três em universidades estaduais.
Recentemente foi criado o curso de Ciências Atmosféricas em Minas Gerais, na Universidade Federal de Itajubá (Unifei). A profissão de meteorologista no Brasil foi regulamentada pela Lei Federal 6.835, de outubro de 1980.
A meteorologista do Igam, Paula Pereira de Souza, explica que a partir da coleta de informações sobre a umidade do ar, pressão atmosférica, temperatura do ar, volume de chuva, entre outras, os meteorologistas, com ajuda de supercomputadores, conseguem fazer uma simulação, por meio de modelos numéricos, de como se comportará o tempo num intervalo de 24h.
“Porém, só as informações do modelo numérico não são suficientes para realizar a previsão do tempo, contamos também com auxílio de imagens de satélites para elaborar a previsão em curto prazo. Essas imagens podem ser geradas a cada 30 minutos, de hora em hora, ou a cada três horas. Elas estão disponíveis em três canais: infravermelho, radiação visível, vapor d’água. Também existe o radar meteorológico, que fornece as condições meteorológicas dominantes, num espaço de tempo menor e também para uma área menor”, explica.
“A meteorologia é uma ferramenta essencial no desenvolvimento de vários setores do país como Agricultura, Marinha, Aeronáutica, Pesca, Turismo, setor energético e de gerenciamento de recursos hídricos e comércio. Outra importância fundamental dos estudos meteorológicos é na prevenção de desastres climáticos, que acarretam grandes prejuízos para a população, e os avisos emitidos pelos serviços meteorológicos, como o do Simge, ajudam os municípios a planejarem suas ações com antecedência”, afirma a meteorologista.
Adelmo Correia, que também é meteorologista do Igam, destaca o papel cada vez maior da meteorologia no mundo. “A cada ano que passa os equipamentos e computadores que auxiliam no nosso trabalho se tornam mais modernos, e a consequência disso é uma melhora significativa na qualidade e confiabilidade das informações que são disponibilizadas a mais setores da sociedade, passando a utilizar com maior frequência as previsões atmosféricas”, frisa.
Ainda de acordo com Adelmo, alguns países da Europa e da América do Norte, onde ocorrem grandes tempestades de neve, a previsão do tempo está totalmente inserida na vida das pessoas e elas não saem de casa sem checar a previsão do dia.
“Em alguns países há canais só de meteorologia. Nos últimos anos, aqui no Brasil, a meteorologia também ganhou mais espaço e a população está utilizando mais as informações meteorológicas, criando aos poucos uma relação de confiança. Ter conhecimento das condições do tempo, além de ser essencial para a segurança em alguns setores da indústria, como na extração de minério, também evita prejuízos”, afirma.
27-03-2017