Plano de recuperação da vegetação da bacia do rio Doce deve ser concluído até o fim do ano



O plano diretor de Restauração das Áreas de Preservação Permanente (APPs) da bacia do rio Doce só deve ficar pronto no fim do ano. Se esse prazo for cumprido, o documento será concluído dois anos após o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015. Na tragédia, 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram jogados na calha do rio e de afluentes à montante.

 

Responsável pelas ações de reparação dos danos ambientais, a Fundação Renova está promovendo, desde ontem, uma oficina com especialistas em reflorestamento para elaborar soluções a serem aplicadas na recuperação vegetal. As atividades terminam hoje.A reabilitação das APPs foi dividida em dois trechos. Nos primeiros cem quilômetros, que vão de Fundão até a Usina de Candonga (Santa Cruz do Escalvado), 65% dessas áreas já têm o plano de recuperação. “O restante ainda está em estudo”, afirmou o presidente da Renova, Roberto Waack.

 

Para essa área, que conta com 2 mil hectares de APPs, o valor do investimento não está definido. Já o segundo trecho, que somam 500 quilômetros até a foz, no Espírito Santo, o orçamento é de R$ 1 bilhão.

 

Para esses 500 quilômetros, em que o rejeito não atingiu as APPs, o plano de recuperação será construído na oficina. Essas áreas de preservação alcançam 40 mil hectares, e a meta é recuperar uma parte nos primeiros três anos, para desenvolver tecnologias e metodologias que serão replicadas depois no restante.

 

“Ainda não temos esses números, a ordem de grandeza, mas podemos chegar a 10%. Temos que tomar muito cuidado, pois são processos de impacto muito grande nas propriedades”, observou Waack.

 

Orçamento

 

No período inicial, devem ser desembolsados 40% (R$ 400 milhões) dos recursos orçados. “Queremos ter o plano diretor definido até o fim do ano. Depois, implementar vários modelos nos próximos três anos”, disse o presidente da Fundação Renova.

 

Dentre as ações planejadas estão o cercamento. Segundo Roberto Waack, uma vez a área protegida dessa forma, existem várias possibilidades de recuperação.

 

“Como a regeneração natural ou de forma conduzida, com algumas espécies. Outra forma é ter uma intervenção maior, do tipo de plantação de florestas. E ter um grau diferente de diversidade. Pode ter uma diversidade menor, com espécies pioneiras, até mesmo com finalidade econômica, ou espécies à beira do rio que produzem alimentos para atrair os peixes”, explicou.

 

A elaboração do plano de recuperação obedece ao Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado pela Samarco e as acionistas dela (Vale e BHP Billiton), com o governo federal, os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e órgãos ambientais.

 

Solução para a bacia só em 2019; área crítica será a primeira contemplada com os trabalhos

 

A solução para o rejeito que contamina a bacia do rio Doce, após o rompimento da barragem de Fundão, só deve ser concluída em meados de 2019. A estimativa é da Fundação Renova, responsável por realizar as ações de compensação ambiental.

 

A previsão foi confirmada em 20 de abril, quando a entidade encaminhou o Plano de Gestão dos Rejeitos à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os dois órgãos analisam o documento para que seja concedido o licenciamento ambiental. Ele também será entregue à Justiça na próxima terça-feira.

 

De acordo com a diretora de Desenvolvimento Institucional da Renova, Andrea Azevedo, a expectativa é a de que nos primeiros 75 quilômetros, considerados como a área mais crítica, os trabalhos sejam concluídos até julho do ano que vem.

 

“A retirada prevê o armazenamento desse rejeito, até ele secar em diques que serão feitos à margem do rio. Depois que sofrer processo de secagem, será incorporado ao solo”, explica.

 

Nesse trecho devem ser retirados 500 mil metros cúbicos de lama. Segundo Andrea Azevedo, a escolha foi por retirar o rejeito e criar pequenos diques ao lado da calha do rio.

 

“O plano dividiu toda a área impactada em 17 regiões e definiu uma metodologia de aplicação para elas. Cada área tem um tipo de estrutura que envolve a retirada ou não do rejeito”.

10-05-2017