O reconhecimento pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu como patrimônio da humanidade recebeu mais um importante apoio nesta quinta-feira (8/6/17).
O Ministério do Meio Ambiente ratificou, por meio de um ofício, sua posição favorável à indicação da unidade de conservação, localizada no Norte de Minas, como candidata brasileira à titulação.
É o que informou a coordenadora regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Carolina Fonseca, em audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Januária, um dos três municípios que abrigam os limites do parque. Os outros são Itacarambi e São João das Missões.
O ICMBio é o órgão governamental responsável pela gestão da unidade, que possui 140 cavernas catalogadas e mais de 80 sítios arqueológicos registrados em uma área de 57 mil hectares. Pinturas rupestres de até 11 mil anos e a diversidade da fauna e da flora local atraem a atenção de pesquisadores de todo o mundo.
O potencial turístico e científico do parque embasa uma campanha, lançada este ano, para o reconhecimento do Peruaçu pela Unesco, com o envolvimento de ambientalistas e do poder público. Segundo o coordenador da Sociedade Brasileira de Espeleologia, Leonardo Giunco, um dos entusiastas do movimento, a chance de a unidade de conservação ser congratulada com o selo de patrimônio mundial é real.
Especialista que se dedica ao estudo de grutas e cavernas, ele relatou que estudiosos de renome, inclusive membros do conselho que concede a titulação, não entendem como o Brasil até hoje não encampou a candidatura do Peruaçu.
Além de contar com o apoio da comunidade científica, a unidade tem outro diferencial: a possibilidade de concorrer a um selo misto, de patrimônio cultural e natural, mais raro.
No entanto, cada país só pode inscrever um candidato por ano, e o parque sofre a concorrência de locais mais famosos, como a cidade de Paraty (RJ) e os Lençóis Maranhenses. Ou seja, para Giunco, o maior desafio é convencer o próprio Governo Federal, por meio do Ministério de Relações Exteriores, a apostar no Parque do Peruaçu.
Outro obstáculo, ressaltado por Carolina Fonseca, do ICMBio, é o complexo e caro dossiê técnico que precisa ser entregue à Unesco. Ela relatou que várias candidaturas ficam pelo caminho por não conseguirem elaborar o documento nos padrões exigidos.
Reconhecimento colocaria a região na rota do turismo mundial
Os deputados Paulo Guedes (PT), que solicitou a reunião, Carlos Pimenta (PDT) e Gil Pereira (PP) destacaram a importância do selo de patrimônio mundial da Unesco para o desenvolvimento da região. “Esse reconhecimento traz o turismo internacional e a geração de emprego e renda para o Norte de Minas”, salientou Paulo Guedes.
Eles também lembraram que a infraestrutura das cidades que abrigam o parque precisa acompanhar o interesse pelo local, para atender a demanda que o turismo traria, e a necessidade de aproximar a população do Peruaçu, uma vez que a visitação ao parque ainda não está aberta ao público.
Com a finalização das obras de infraestrutura, que adequaram o Peruaçu para o turismo, a abertura oficial do parque para visitação será no dia 27 de junho, conforme informou Carolina Fonseca, coordenadora do ICMBio.
Também compareceram à reunião e manifestaram seu apoio público à candidatura da unidade de conservação a prefeita de Itacarambi, Nívea Maria, e os prefeitos de Januária e São João das Missões, Marcelo Félix e Zé Nunes, respectivamente.
Requerimentos – Ao final da reunião, foram aprovados dois requeriementos relacionados ao tema abordado. Os deputados querem que os órgãos ambientais competentes adotem as medidas necessárias para que a indicação do Peruaçu ao título da Unesco seja viabilizada.
Outra ação cobrada pelos parlamentares é a inclusão de um voo entre Januária e Belo Horizonte, com escala em Pirapora, na rota do programa Voe Minas Gerais, iniciativa do Executivo para integrar as diversas regiões do Estado. Com o aumento do turismo esperado na região, a nova rota tornaria o parque mais acessível.
12-06-2017