Pesquisa realizada nos laboratórios da USP, mais especificamente no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), em Piracicaba, descobriu que cascas de banana trituradas podem funcionar como um filtro muito eficaz em águas poluídas por pesticidas.
Para chegar nessa conclusão, os pesquisadores coletaram amostras nos rios Piracicaba e Capivari, e na estação de tratamento de água da cidade. Nesses rios, as águas ficam poluídas pelos pesticidas atrazina e ametrina, muito usados em plantações de cana-de-açúcar e milho.
Em seguida, os pesquisadores secaram cascas de banana maduras em um forno a 60ºC por um dia, resultado que também pode ser obtido ao expor o material ao Sol durante uma semana. As cascas secas foram trituradas e peneiradas e a partir daí surgiu um pó de consistência parecida com a de uma ração. Esse material misturado com a água, agitado por 40 minutos e filtrado conseguiu absorver 90% dos pesticidas.
Esse método tem uma vantagem sobre procedimentos tradicionais. Atualmente, os tratamentos de água não são suficientes para remover resíduos de agrotóxicos de tal forma a atingir o padrão de potabilidade e evitar riscos à saúde humana. O carvão ativado (o mecanismo mais usado), por exemplo, é um método caro de despoluição.
O processo é simples e funciona graças a um dos princípios básicos da química: o dos opostos que se atraem. Na casca da banana, existe uma grande quantidade de moléculas carregadas negativamente, enquanto os metais pesados são positivamente carregados. Logo, quando colocada na água, a casca da banana atrai para si os metais.
Resultados da pesquisa mostram que cinco mg do pó de banana são suficientes para despoluir 100 ml de água. Para alcançar altos níveis de limpeza, é preciso repetir o processo mais de uma vez. Isso porque, em testes de laboratório, a casca de banana conseguiu “chupar”, de primeira, 65% dos metais pesados que estavam na água.
Apenas na região metropolitana de São Paulo, quase quatro toneladas de cascas de banana são desperdiçadas todas as semanas nos restaurantes. Esse dado, divulgado em uma reportagem sobre desperdício de alimentos, que estimulou os cientistas brasileiros a pesquisar uma utilidade para as cascas de banana.
29-06-2017