Para onde levar aparelhos eletrônicos que param de funcionar? Essa é a dúvida de muitas pessoas que acabam descartando o material de forma irregular, junto com o lixo convencional. Para diminuir essa prática e preservar o meio ambiente, o geógrafo Vitor Saboya resolveu fundar a Zyklos, que dá um destino a estes produtos. O projeto deu certo e, atualmente, recolhe cerca de 4 toneladas de lixo eletrônico.
“A gente começou com uma tonelada, foi pra duas, três e estamos chegando a quatro. O nosso plano de trabalho prevê seis até o fim do ano. A gente estabiliza e deve manter porque não montamos um modelo de grande volume” (...) “Para entender porque a gente gera 1,4 milhão de toneladas no Brasil por mês e só recicla 2%, tem que entender um pouco da política e (e da) consciência das pessoas”, disse o geógrafo.
Computadores, caixas de som, vídeo games, televisões, são alguns dos objetos que chegam ao galpão e recebem um novo destino. São três fins possíveis: o recondicionamento para voltar ao mercado por um “preço social”; a reciclagem; e o reuso, por meio da transformação do material. A primeira alternativa, além de evitar o descarte irregular, promove a inclusão digital.
“Quando a gente recebe os eletrônicos, naturalmente, a maioria já é antiga. A gente não vai receber um notebook top de linha, recebe um mais antigo. Quando consegue recondicionar, ele sai de um produto de mercado novo de R$ 2,5 mil, traz ele para cá, já tem alguns anos de vida útil, recondiciona e consegue recolocar a partir de R$ 200 o notebook. Quando é PC, a gente consegue colocar ainda mais barato (no mercado). A partir de R$ 100 a gente consegue colocar um computador, isso tudo com garantia, total assistência e qualidade”, explicou.
Por ano, o Brasil produz 1,4 milhão de toneladas de lixo eletrônico. Um dos países que mais gera esse tipo de lixo no mundo, onde são geradas ao todo 50 milhões toneladas destes materiais. Um volume que poderia encher 40 estádios do Maracanã e que, se enviado para um local incorreto, pode demorar milhares de anos para se decompor.
“Como a gente está falando de derivados do petróleo, minério, ferro e outros produtos, são milhares de anos para se decompor.O plástico, por ser inorgânico, os números se perdem de vista. A gente não consegue nem fazer sentido, o que são 2 mil anos, 100 mil anos, um milhão de anos dependendo do material”.
Disquete se transforma em bloco de notas
Além de recuperar objetos defeituosos e reciclar alguns materiais, a Zyklus faz o reuso de certas peças. Alguns equipamentos que perderam suas funções ou que teriam um alto custo para reciclar acabam sendo transformados em produtos diferentes.
“Existe um terceiro caminho que tem o nome técnico de upcycling que é você dar um outro significado sem reciclar. Ele perde a função, ou seja um celular não vai ser mais um celular, mas você transforma ele num porta-recado. Você reaproveitar pode ser melhor que reciclar porque a reciclagem envolve energia, logística e um custo alto”.
A Zyklus também oferece o serviço de recolhimento de material eletrônico para empresas e pessoas físicas. A opção de coleta residencial tem valor mínimo de R$ 20 e deve ser feita através de um cadastro no site da empresa. Para fretes de grande quantidade, a Zyklus faz uma análise de cada pedido.
Fonte: Matheus Rodrigues, G1 Rio – 14/08/2017.
Endereço:http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/iniciativa-recupera-4-toneladas-de-lixo-eletronico-recicla-e-vende-computadores-a-preco-popular.ghtml
18-08-2017