Integração das ações de preservação da água é desafio em MG



A necessidade de convergir as várias ações de preservação das águas e do uso racional dos recursos hídricos foi defendida em audiência pública conjunta das Comissões de Agropecuária e Agroindústria e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (14/3/18).

 

Um dos objetivos da reunião foi contribuir com informações que permitam a Minas Gerais ter uma participação efetiva nas discussões do Fórum Mundial da Água, que acontecerá em Brasília de 18 a 23 de março.

 

O chefe de gabinete do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca, disse que Minas Gerais vem enfrentando uma situação crítica com a redução do volume de chuvas. Segundo ele, o Igam está desenvolvendo ações para minimizar o problema, como a implementação de uma regulamentação sobre o uso da água.

 

Marcelo da Fonseca também destacou a criação de um grupo, composto por órgãos do governo, universidades e sociedade civil organizada, com o objetivo de compartilhar o que está sendo feito e propor soluções. Para ele, é fundamental identificar as ações desenvolvidas por cada entidade e convergi-las nas regiões estratégicas do Estado.

 

O analista ambiental da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Guilherme da Silva Oliveira, também defendeu a integração das ações desenvolvidas hoje no Estado. Para ele, cada entidade desenvolve iniciativas, mas não há planejamento. “Os comitês das bacias deveriam ser utilizados para organizar as ações”, defendeu.

 

Copasa procura ampliar saneamento básicoO superintendente de Meio Ambiente da Copasa, Nelson Guimarães, reconheceu que há um déficit no saneamento básico, mas garantiu que a empresa trabalha para corrigir esse problema. Segundo ele, a Copasa é responsável pelo atendimento de 11,5 milhões de pessoas com água e de 7,8 milhões de pessoas com esgoto.

 

Dentro da sua área de concessão, a empresa atende 91% da população com água e 79% com coleta de esgoto, sendo que 82% do esgoto recolhido é tratado. Nelson Cunha ainda falou sobre as ações desenvolvidas para melhorar o uso das bacias hidrográficas, além do projeto de revitalização do Rio das Velhas.

 

Cemig - O gerente de Meio Ambiente da Cemig, Rafael Augusto Fiorini, informou que a empresa realiza o monitoramento dos recursos hídricos e da qualidade das águas dos reservatórios, atuando na conservação das matas ciliares e desenvolvendo programas voltados para a preservação dos peixes nas represas.

 

Entidades incentivam uso racional da águaO superintendente de Desenvolvimento Social e Ambiental da Secretaria de Estado de Agricultura, Rodrigo Carvalho Fernandes, falou sobre o desenvolvimento rural sustentável e lamentou o fato de que muitas vezes o produtor rural é colocado injustamente como “vilão” no uso da água. “Queremos quebrar essa visão de que a agricultura é nociva ao meio ambiente”, afirmou.

 

Rodrigo Fernandes apresentou o projeto desenvolvido pela pasta, em parceria com outras entidades, voltado para a revitalização do Rio São Francisco e conscientização do produtor rural. Ele destacou que o projeto incentiva as boas práticas agrícolas, protegendo nascentes e matas ciliares e construindo terraços e barraginhas.

 

O analista institucional do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Geraldo Magela, disse que a entidade tem feito um trabalho intenso para internalizar no movimento cooperativista a preocupação com o desenvolvimento sustentável e com o uso da água.

 

Indústrias - O gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Wagner Soares da Costa, destacou que as indústrias têm contribuído com o uso racional da água. Segundo ele, a maior parte dos empresários busca implementar tecnologias de reutilização da água.

 

Deputados cobram comprometimento do poder público

 

Um dos autores do requerimento para a reunião e presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), considerou necessário avançar nas discussões, já que o uso racional da água é fundamental, diante da realidade em que rios e represas estão secando.

 

Outro autor do requerimento e presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Glaycon Franco (PV), lembrou que o Estado é considerado a caixa d’água do Brasil e ocupa uma posição estratégica.

 

A deputada Marília Campos (PT) ponderou que a preservação da água deve ser pensada no contexto da ocupação urbana, sendo necessário envolver no debate as agências metropolitanas e a secretaria estadual responsável pela gestão das cidades.

 

O deputado Fabiano Tolentino (PPS) criticou a falta de ações da Copasa voltadas para o tratamento da água e defendeu a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o assunto.

 

O deputado Dilzon Melo (PTB), por sua vez, condenou a tentativa de privatização de Furnas. Para ele, é preciso que o poder público foque na sustentabilidade e no uso racional da água.

15-03-2018