Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, reduziu mais da metade das perdas



Com o ameaça de falta de água em todo o mundo, cada vez mais as cidades buscam reduzir o desperdício. Embora outros países avancem no desenvolvimento de tecnologias que permitam uma gestão mais racional dos recursos hídricos, o Brasil também faz sua parte para conter a escassez global. De acordo com o professor Luiz Roberto Moraes, do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador da área de saneamento, um dos exemplos brasileiros na redução das perdas de água é Campo Grande (MS).

 

Em dez anos, o índice de água desperdiçada na capital sul mato grossense passou de 56% para 19%. Na cidade, foram realizados investimentos em obras, equipamentos e tecnologia. Entre as medidas divulgadas estão as ações preventivas para evitar rompimentos em tubulações, microsetorização de setores de fornecimento de água, agilidade no reparo das redes e troca de hidrômetros antigos por medidores novos.

 

“A Companhia Estadual de Brasília também conseguiu dar uma reduzida bastante interessante ao longo de sua existência. A gente vê aqui essa dificuldade que a Embasa tem em dar prioridade como política da empresa na redução da perda de água”, diz o especialista, que reforça que as perdas vêm sendo mantidas no mesmo patamar há anos.

 

O professor Luiz Roberto Moraes classifica o índice de 38,4% da Bahia como uma perda ‘indecorosa’. “Países mais desenvolvidos estão tendo valores muito menores do que os valores daqui”, pontua.

Iniciativas pelo mundo

 

Planos audaciosos e tecnologia de ponta fazem com que países como Israel, que está encravado em uma região deserta, Singagura, que é uma ilha que importa água de outros países, ou a Austrália, que tem índices pluviométricos baixíssimos, consigam garantir o abastecimento de suas populações. O CORREIO listou cinco exemplos de nações que fazem uma gestão racional dos poucos recursos hídricos disponíveis e usam o poder das máquinas e da inovação para driblar a escassez na natureza. Confira:

Israel

 

O país possui leis para o uso da água e sistemas de economia e regulação. Também adota tecnologias que extraem água de geadas para usar na agricultura. Cerca de 91% do esgoto das cidades israelenses é coletado e 80% passa por tratamento, com reutilização da água resultante do processo para a agricultura. O setor agrícola também utiliza um sistema de irrigação por gotejamento que o país acabou exportando para lavouras de outras nações. Israel possui ainda usinas de dessalinização que utiliza a água do mar Mediterrâneo para gerar 100 milhões de m³ por ano de água potável e abastecem 70% do consumo doméstico no país.

Austrália

 

Entre 1997 e 2009, o país viveu seu pior período de seca e entre 2013 e 2014, registrou 156 recordes de aumento de temperatura. Para conseguir garantir a água da população, o governo australiano investiu, na última década, o equivalente a R$ 6 bilhões em infraestrutura para combater vazamentos e economizar água. Uma das iniciativas capitaneadas pelo Programa de Cooperação em Pesquisa da Austrália foi a realização de obras para que as águas residuais saíssem das residências e fossem armazenadas em reservatórios próprios. Depois, essa ‘água de reuso’ era tratada e retornava para as casas. As águas recicladas têm torneiras especiais nas residências e podem ser usadas em atividades que podem evitar o gasto da água potável, como limpeza e lavagem de roupas. Várias cidades do país também ganharam usinas de dessalinização, que servem para retirar o sal da água do mar, transformando-a em potável.

China

 

O Nordeste e o Norte do país vivem em risco eterno de secas severas. Por isso, a China criou uma agenda de recursos hídricos, distribuindo ações por todas as esferas do governo. Algumas das soluções adotadas foram a criação de etiquetas para mictórios, vasos sanitários e pias que mostram a eficiência hídrica dos produtos, incentivando a população a comprar os equipamentos que consomem menos água. Também foram criadas mais de 80 mil cisternas e quatro mil reservatórios que armazenam a água bombeada dos rios caudalosos do sul do país para o norte mais seco. Essa reserva só é usada em situações de escassez extrema.

Singapura

 

A ilha de 718 km² tem 100% da população servida por água potável e o esgoto de todo o país é tratado e reutilizado. Entre as tecnologias utilizadas estão desde sistemas que coletam a água da chuva e dessalinizam a água do mar até processos que identificam e neutralizam vazamentos. A Singapura importa água da Malásia nos períodos de seca mais intensa, mas o sistema de dutos que traz a água é muito caro. Para evitar recorrer a essa solução extrema, o país mantém permanentemente campanhas de conscientização dos cidadãos e também adota o programa de etiquetagem dos produtos com mais eficiência hídrica

EUA (Califórnia)

 

Uma das regiões mais populosas dos Estados Unidos, a Califórnia também enfrente períodos intensos de seca que, muitas vezes, culminam em incêndios florestais trágicos. Para fazer com que a população gaste menos água, as tarifas no estado norte-americano são mais altas e as multas para quem desperdiça água potável para lavar calçadas, por exemplo, podem chegar a US$ 500 por dia. Em cidades como Los Angeles, há o bombeamento de águas subterrâneas para uso humano e reciclagem de água para irrigação e descargas sanitárias. Os cidadãos também são desaconselhados a fazer projetos de paisagismo nos jardins de suas casas que resultem no uso de grandes quantidades de água para a manutenção.

Fonte: Correio 24 horas.

12-07-2018