Empresas participantes terão prazo de um ano e três meses para criar os projetosA bacia do Rio Paraíba do Sul terá a partir de agora um núcleo que irá trabalhar no desenvolvimento de projetos para a reutilização da água e tratamento de esgoto. O Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Águas e Saneamento Ambiental ainda está em sua fase inicial, com o chamamento de empresas que queiram criar protótipos para serem executados posteriormente.
A iniciativa faz parte de uma parceria entre o Parque Tecnológico de São José dos Campos e a AGEVAP (Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul).
A linha de pesquisa do Centro de Desenvolvimento seguirá os temas: tratamento de esgotos; controle de perdas em sistemas de distribuição de água e produção do recurso hídrico em estações de tratamentos de esgotos. Os projetos serão executados em municípios com até 5 mil habitantes, sendo que das 184 cidades atendidas pelo Rio Paraíba, 48 têm esse perfil.
Cidades menores
“Nós vamos escolher as cidades menores, pois têm menos capacidade para desenvolver projetos do tipo. A nossa expectativa é que os protótipos possam ser implantados com fácil manutenção, respeitando a capacidade de cada localidade, e com fácil manutenção e baixo custo”, informou André Marques, diretor-presidente da Agevap.
As empresas, em parceria com universidades, terão o prazo de um ano e três meses para criar os projetos. Após o período, o modelo criado vai se tornar real e implantado em um dos municípios dos três estados abastecidos pelo Rio Paraíba, entre eles, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A cada 100 litros do uso de água, cerca de 40 litros são jogados fora sem nenhuma reutilização. “Hoje o país perde mais de R$ 10 bilhões com o sistema de perda da água, uma vez que precisaríamos de R$ 4 bilhões para tratar a bacia do rio Paraíba. Com essa falta de cuidado e investimento, a qualidade dos recursos hídricos diminui demais prejudicando toda a fauna”, afirma André Marques.
A bacia do Rio Paraíba do Sul abrange uma área de 62.000 km2, sendo que cerca de 23 milhões de pessoas são atendidas pelo manancial, incluindo os moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro e de parte da região metropolitana de São Paulo.
Reutilização da água
O Brasil ainda está longe de ser um exemplo no reaproveitamento do uso de água e no tratamento de esgoto, quando comparado com países desenvolvidos. Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Antônio Carlos Zuffo explica a importância em investimentos na área.
“É fundamental que o país invista nessas pesquisas, uma vez que o número de usuários e a demanda do uso da água estão sempre em crescimento. A tecnologia nós temos, o que precisa ser feito agora é a regulamentação para a utilização deste recurso. Hoje a legislação é restrita, não permite que a água seja reutilizada diretamente”, ressalta.
O ideal, segundo Carlos Zuffo, seria economizar a água de qualidade e substituí-la pelo recurso de menor potencial para ser utilizada na descarga do banheiro, para lavar a calçada, ou ainda, regar as plantas do jardim.
“Vai chegar um tempo em que a reutilização da água será inevitável. Em Israel, por exemplo, 40% da água utilizada é proveniente do tratamento de efluentes”, finaliza.
Fonte: Meon.
16-08-2018