Seminário com presidente da Cetesb e especialistas brasileiros e estrangeiros esclareceu dúvidas do público; próximo evento será sobre dessalinizaçãoSeminário “Água Subterrânea: Mitos e Verdades Sobre Seu Uso”
O que água subterrânea tem a ver com chorume? O seminário “Água Subterrânea: Mitos e Verdades Sobre Seu Uso”, que aconteceu na semana do dia 4 de abril na Fiesp, em São Paulo, mostrou que os assuntos estão intimamente ligados – mas, na realidade, deveriam estar bem separados. Enquanto houver resíduos de lixo se infiltrando no solo, a valiosa água subterrânea existente no Brasil fica seriamente comprometida, colocando em risco a saúde da população.
O seminário, realizado de segunda (1º) a quarta-feira (3) de abril pela plataforma Ambiental Mercantil e pelo Instituto Água Sustentável, teve suas inscrições gratuitas rapidamente esgotadas e contou com participantes de todo o Brasil e também do exterior.Alguns dos nomes que compuseram a mesa foram Stéphane Larue, cônsul-geral do Canadá em São Paulo; Patrícia Iglecias, presidente da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo); Eduardo San Martin, presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo); John Cherry, cientista canadense especializado no tema; Everton de Oliveira, geólogo e diretor do Instituto Água Sustentável; e Betina Galerani Rodrigues Alves, PhD em sustentabilidade formada pela USP e diretora de eventos da Ambiental Mercantil.
Os participantes puderam esclarecer dúvidas e conhecer mitos e verdades relacionados à água subterrânea e ao chorume – substância resultante da decomposição do material orgânico no lixo, gerando um efluente caracterizado por um líquido escuro e de forte odor. Veja:
1) Toda água de poço é boa para se beber – MITO: é preciso analisar sempre a qualidade oferecida. No Brasil, por exemplo, 88% dos poços são clandestinos e não recebem fiscalização;
2) Água subterrânea representa muito pouco no abastecimento – MITO: diversos municípios de Estados como São Paulo são abastecidos por água subterrânea (por exemplo, a advinda de poços artesianos). Só neste Estado, são mais de 7 milhões de pessoas;
3) Radiestesia ou o “homem da varinha” são soluções para encontrar água – MITO: não existem processos “mágicos” ou místicos que podem levar à descoberta de água;
4) Chorume tratado e cristalino é seguro – MITO: cristalinidade não representa segurança. Um líquido claro pode, ainda assim, ser tóxico;
5) Água dos aquíferos é de qualidade superior – VERDADE: em geral, a água abaixo da superfície requer menos tratamento;
6) A água pertence ao Estado – MITO: a água pode pertencer a qualquer indivíduo ou empresa, mas o poder público faz a gestão;
7) Metais pesados representam o maior perigo do chorume – MITO: hoje em dia, há tecnologias capazes de detectar e tratar essas substâncias, ao contrário de outras, mais problemáticas para o tratamento;
8) Aquíferos são os maiores reservatórios de água doce do planeta – VERDADE: as reservas brasileiras abaixo da superfície, especificamente, são imensas;
9) Para tratar o chorume, basta misturá-lo com o esgoto e tratar tudo de uma vez – MITO: diversos fatores fazem com que essa medida tenha sua eficácia questionada. Descartar o chorume junto com o esgoto significa diluir seus compostos, prática que representa crime;
10) Aterro sanitário é diferente de lixão – VERDADE: aterros sanitários devem seguir normas e regulamentações específicas para promover o recebimento correto do lixo e, consequentemente, o licenciamento. Somente eles podem ser o destino de determinados tipos de resíduos.
Soluções e novidades
O seminário apresentou, ainda, problemas que envolvem o uso da água subterrânea no Brasil, novidades sobre o tratamento do chorume e tecnologias que estão sendo empregadas no exterior e que devem chegar em breve ao Brasil.
“Esse tipo de evento é positivo por divulgar conhecimento, ajudando no desenvolvimento da sociedade”, afirmou o palestrante Fabiano do Vale Souza, coordenador da Solví – grupo responsável por empresas como a Inova.
Quem também integrou o evento apresentando suas tecnologias de tratamento de chorume foi Marcelo Viegas Soares, coordenador da LTM Brasil. “Não podemos mais aceitar que o lixiviado vá para estações de tratamento de esgoto, pois são efluentes totalmente distintos. Há tecnologias para que isso não seja feito”, opinou. A empresa é pioneira no tratamento de chorume por osmose reversa e já emprega soluções da Europa no Brasil, atendendo à resolução 430/2011 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
12-04-2019