Belo Horizonte sediou, nos dias 10 e 11 de outubro de 2024, o “Workshop Mudanças Climáticas, a Gestão do Carbono e o Saneamento”. Realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), o evento se propôs a discutir as emissões de gases de efeito estufa emitidos pelo setor de saneamento e as medidas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos sistemas de abastecimento de água e de tratamento de esgotos.
O Workshop discutiu a gestão dos recursos hídricos, incluindo o investimento em infraestrutura resiliente e tecnologias que promovam a sustentabilidade; o uso de tecnologias de eficiência energética no tratamento de água e esgoto, minimizando o consumo de eletricidade e emissões associadas; bem como, os casos de sucesso no reuso de água e controle de perdas. O objetivo é desenvolver iniciativas para mensuração e desenvolvimento de um plano de mitigação para as emissões de gases de efeito estufa, visando tornar as operações mais eficientes e sustentáveis a médio e longo prazo.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente da ABES, Marcel Costa Sanches, destacou que as mudanças climáticas são um problema global, que vem se agravando com o aumento das emissões dos gases de efeito estufa, e que o setor de saneamento precisa se unir para adotar medidas capazes de reduzir os impactos em suas atividades. “Esse workshop é o momento oportuno para que o setor de saneamento possa refletir e buscar soluções para mitigar os eventos extremos. Durante dois dias, vamos discutir, planejar e definir modos de agir para apoiar esse grande esforço mundial de reduzir as emissões.”
O presidente da Seção Minas Gerais, André Horta, parabenizou a organização do evento, coordenada pelo diretor Nelson Guimarães, e destacou a relevância da discussão diante do aumento de eventos extremos, como as inundações no Rio Grande do Sul e o furacão Milton que atingiu recentemente os Estados Unidos. “Espero que os debates apresentados aqui possam ser aplicados pelas empresas de saneamento no intuito de tornar suas atividades mais sustentáveis.”
De acordo com Natália Rodrigues Costa Flecher, Gerente de Meio Ambiente, Qualidade e Mudanças Climáticas da Iguá Saneamento, e mediadora de um dos painéis, o evento coroa uma iniciativa que surgiu em 2022, e encerra o primeiro ciclo, muito frutífero, de produção técnica e alinhamento do setor. Natália reforçou o convite para que outras empresas façam parte desse grupo de trabalho e que cada participante possa levar esse aprendizado para suas empresas, fomentando a continuidade das discussões.
Para o Gerente de Planejamento e Desenvolvimento Ambiental da Sanepar, Pedro Luís Prado Franco, o evento se encerrou com um balanço bastante positivo. “Ficamos muito felizes de obter resultados tão relevantes, a partir do encontro de técnicos empenhados, de empresas diferentes, de natureza jurídica diferentes, que tiveram a ideia de fazer um termo de cooperação formal para discutir a regulação do mercado de carbono no setor. Concluído o trabalho, sentimos a necessidade de contribuir com o saneamento e decidimos realizar esse workshop para dar uma chacoalhada no setor. O evento é um start para um grande processo de descarbonização e, certamente, daqui saem encaminhamentos importantes”.
Dentre os encaminhamentos, está a articulação do setor para discutir o PL 182, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), e está em andamento na Câmara. “Pode ser que esse PL venha dificultar alguns aspectos tarifários, e precisamos nos organizar para contribuir com essa discussão, apresentando nossas dores e peculiaridades”, alertou Pedro.
Outro encaminhamento, foi o convite ao engajamento do setor na plataforma de Pacto global do clima, que a Danielly Freire, Gerente de Clima no Pacto Global da ONU – Rede Brasil, trouxe como oportunidade. Temos que inserir o setor de saneamento nisso, levando de forma articulada, todo esse processo e nossas peculiaridades.
Nelson Guimarães, encerrou as atividades agradecendo a todos os envolvidos na organização do Workshop e reforçando o papel da ABES no fomento e articulação dessa discussão. Além da disponibilidade de criação da Câmara Tecnica de Mudanças Climáticas da ABES, para qual convidou todos a participar. “Precisamos conversar muito, pois os desafios são enormes e muita coisa precisa ser feita. Temos que garantir que o setor consiga se reunir em mais momentos como esse. E, certamente, o tema será um dos principais a ser debatido no Congresso da ABES, em 2025.