O II Café com Prosa, realizado pela ABES-MG, no dia 5 de outubro, reuniu mais de 25 participantes interessados no tema “Água de reuso”.
Em clima descontraído, o engenheiro da Sabesp, Américo Sampaio, e o professor da Unimontes em Janaúba, Silvânio Rodrigues dos Santos, apresentaram a situação atual da prática no Brasil.
Segundo Sampaio, a crescente escassez de água em regiões densamente povoadas exige práticas de conservação de água e, uma delas, é o reuso. Embora o consumo dessa água esteja aumentando, ainda não há um arcabouço legal que regulamente a prática.
“Em São Paulo, metade da água consumida é bombeada de outras bacias e essa medida tem gerado grandes conflitos dentro dos comitês, principalmente, no CBH Piracicaba e CBH Alto Tietê”, explicou. Nesse contexto, Sampaio ressalta que a água de reúso é uma excelente alternativa. “ Hoje temos tecnologia para ter a água que quisermos, além disso, os custos de tratamento vem reduzindo muito. Se por um lado a tecnologia não é impedimento ao tratamento dessa água, a legislação, sim.
Sampaio contou que em 2002 foi formado o grupo técnico, responsável pela aprovação da única Lei sobre o assunto. O texto definiu as modalidades de uso existentes (uso urbano, água de incêndio, uso agrícola e industrial). Para cada modalidade seria necessário definir padrões de qualidade. A modalidade agrícola e florestal, uma das mais utilizadas, formou um grupo técnico, composto de profissionais de diversas áreas do conhecimento, para onze reuniões em Brasília, para em 2008 lançar uma minuta dessa resolução.
Questionada na CTIL a competência técnica do Conselho Nacional de Recursos Hídricos para definir tais parâmetros. A proposta então foi encaminhada ao CONAMA onde ainda se encontra parado. “ São cinco modalidades para definir parâmetros e nem a primeira, cujo grupo técnico concluiu o trabalho, foi aprovado. São seis anos de trabalho e não conseguimos nada até agora”, afirmou.
Segundo Sampaio, em São Paulo foi criada uma Orientação Técnica para a utilização da água de reúso. E, é essa norma técnica, extremamente restritiva, que tem orientado o licenciamento. “ A Sabesp trabalha com a água de reúso a mais de 15 anos e temos empreendido grande esforço para ampliar a sua utilização mas precisamos de segurança jurídica para garantir que os investimentos não serão perdidos”, concluiu.
Para o professor da Unimontes Silvânio Rodrigues, a legislação precisa avançar, pois, diante da prioridade dos usos múltiplos ser para o abastecimento humano e dessedentação animal, existe o risco de quase cinco mil hectares de plantação perderem o direito a irrigação e deixando como alternativa a utilização da água de reuso. Além disso, a riqueza de nutrientes dessa água pode reduzir muito o uso de fertilizantes.
Para finalizar, a ABES-MG sorteou entre os presentes uma vaga para o curso de “Controle Operacional de Reatores Anaeróbicos”, que acontece entre os dias 20 e 22 de novembro. E a ganhadora foi Glória Suzana Meléndez Bastos de Souza. Confira as fotos em nossa galeria!